A ONDA (resenha do filme)


Universidade Federal de Itajubá – UNIFEI
Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciências – PPGEC
Mestrado Profissional
Disciplina: Tendências Contemporâneas de Currículos
Professora: Rita C. M. T. Stano
Aluno: Paulo Sergio de Oliveira - Matrícula: 22004
 Filme: A ONDA
Título original: THE WAVE
Autor: TODD STRASSER
Direção: DENNIS GANSEL
Ano de Produção: 1981
Esta história foi baseada em uma experiência real numa classe ginasial vivida por alunos e seu Professor de História RAINER WENGER, em abril de 1967 em PALO ALTO, CALIFÓRNIA.
A trama tem início com uma aula de história sobre a autocracia alemã, no período de 1939 a 1945, onde o professor discorre sobre Nazismo, Terceiro Heich, Hitler e como este conduziu à morte mais de 10 milhões de alemães entre judeus e homossexuais.
O tema disparador do enredo se dá pelo questionamento de alguns alunos sobre a culpabilidade alemã neste negro período, já que o professor afirmou que menos de 10% dos alemães pertenciam ao partido nazista.
O Professor RAINER WENGER propõe então um experimento pedagógico envolvendo a formação de um movimento que explique na prática os mecanismos do fascismo e do poder. Usando uma didática diferenciada, impõe aos alunos uma postura militar introduzindo duas frases: “O poder pela disciplina” e “O poder pela comunidade”. Através de gestos que a todo o momento percebemos nazista, conduz a todos à fundação do movimento por ele denominado “A ONDA”, com saudação própria, uniformes e símbolo.
Durante um determinado período, o Professor obriga seus alunos a cumprirem rituais da disciplina de massas, esperando que eles aprendessem o conteúdo ideológico da disciplina.
E o Professor tinha razão, porque antes de ser uma ideologia ou uma forma de governo, o fascismo fora acima de tudo um ritual coletivo, a encenação diariamente repetida da hierarquia e da submissão, da ordem enquanto anulação do indivíduo na grande coletividade, na pátria ou na raça.
Com o passar do tempo, as aulas de História deixaram de ser uma partilha de conhecimentos e converteram-se na mera afirmação da identidade do grupo, que já se expandira a toda Escola.
Uma de suas alunas, alertada por sua mãe, percebe que o movimento “A ONDA” começa a ultrapassar os limites da racionalidade, eliminando a vida privada dos seus componentes à redução da existência a uma perspectiva única, o totalitarismo. Lealdade, afeto, devoção, nada disto podia ser gasto com namoradas ou colegas, apenas com pessoas enquanto membros do grupo. A política exercida com a razão é o antídoto do fascismo, que sempre se apresenta como uma política de emoção.
Ao perceber que todos estão completamente envolvidos no movimento, cegos e submissos aos seus desejos, conforme pretendia, o Professor convoca-os para uma palestra num ginásio onde prometia apresentar o  jovem líder do movimento. RAINER WENGER apresenta a todos as imagens de ADOLF HITLER  entre os jovens alemães num momento de furor nazista em praça pública, através do que os americanos chamam “peer pressure”. Todos ali perceberam então na cilada em que haviam se deixado cair, ficando inconformados e indignados de como pacificamente aceitaram todas as propostas, agora nazistas do seu Professor.
Vale a pena ressaltar o discurso final proferido pelo Professor RAINER WENGER a todos os seus alunos:
Vocês trocaram sua liberdade pelo luxo de se sentirem superiores. Todos vocês teriam sido bons nazifascistas. Certamente iriam vestir uma farda, virar a cabeça e permitir que seus amigos e vizinhos fossem perseguidos e destruídos. O fascismo Não é uma coisa que outras pessoas fizeram. Ele está aqui mesmo em todos nós. Vocês perguntam: como o povo alemão pode ficar impassível enquanto milhares de inocentes seres humanos eram assassinados? Como alegar que não estavam envolvidos. O que faz um povo renegar sua própria história? Pois é assim que a história se repete. Vocês todos vão querer negar o que se passou em “A ONDA”. Nossa experiência foi um sucesso. Terão ao menos aprendido que somos responsáveis pelos nossos atos. Vocês devem se interrogar: o que fazer em vez de seguir cegamente um líder? E que pelo resto de suas vidas nunca permitirão que a vontade de um grupo usurpe seus direitos individuais. Como é difícil ter que suportar que tudo isso não passou de uma grande vontade e de um sonho”.


Considerações finais:
O filme “A ONDA” nos abre caminhos para discutir o papel do professor na sala de aula e sua capacidade de formar opinião e abrir mentes. Sempre que possível, devemos facilitar a investigação de uma história de determinado povo, propondo a pesquisa abrindo sempre um espaço para a discussão em sala, verificando pontos divergentes, opiniões, descobertas,etc.
para que não incorramos assim, no erro do perigo de uma história única, conforme pudemos observar na maravilhosa palestra da Nigeriana Chimamanda Adichie.

                                      Paulo Sergio de Oliveira, abril de 2011


2 comentários:

  1. Você absorveu elementos importantes para nossas reflexões, principalmente sobre a identidade construída no decorrer da história.

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  2. Baixar o Filme - A Onda - Recomendado para educadores - http://mcaf.ee/qoh0u

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