Memorial. "Tendências Contemporâneas de Currículo"

UNIVERSIDADE FEDERAL DE ITAJUBÁ
MESTRADO PROFISSIONAL EM ENSINO DE CIÊNCIAS


PAULO SERGIO DE OLIVEIRA





TENDÊNCIAS CONTEMPORÂNEAS DE CURRÍCULO





Memorial apresentado ao Curso de Mestrado Profissional em Ensino de Ciências durante as aulas de Tendências Contemporâneas de Currículo – ECI 209, da Professora Doutora Rita de Cássia Magalhães Trindade Stano na UNIFEI  Universidade Federal de Itajubá.






ITAJUBÁ
2011




À Professora Rita Stano, que tanto nos engrandeceu pelas constantes referências sempre em prol da Educação.




AGRADECIMENTOS


A Deus,

A Professora Rita Stano,

À minha esposa Lucy,

Aos meus filhos: Guilherme, Anna Carolina e Bárbara

Aos meus colegas de sala:

Ana Carolina,
Ângela,
Antônio Marcos,
Janet,
Kleber,
Patrícia e
Rafael Paixão,

com os quais aprendi e me diverti bastante a cada dia durante o todo curso,





“A alegria não chega apenas no encontro do achado, mas faz parte do processo da busca. E ensinar e aprender não pode dar-se fora da procura, fora da boniteza e da alegria.”
Paulo Freire.

SUMÁRIO


APRESENTAÇÃO                                                              

1.      QUANDO TUDO COMEÇOU                                      

2.      MOMENTOS DE REFLEXÃO                                      

3.      A CONSTRUÇÃO DOS BLOGS                                  

4.      CONSIDERAÇÕES FINAIS                                        

5.      REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS                                                                                  




APRESENTAÇÃO




O presente memorial se refere às aulas de Tendência Contemporâneas de Currículo, matéria constante do curso de Mestrado Profissional de Ensino de Ciências da Universidade Federal de Itajubá, UNIFEI e, magistralmente ministradas pela professora doutora Rita de Cássia Magalhães Trindade Stano.
O texto aborda os fatos mais importantes ocorridos em nossas aulas, dividido em itens os quais você leitor poderá conhecer um pouco de nossa trajetória, ao longo desse primeiro semestre de 2011.


  1.    . QUANDO TUDO COMEÇOU:

Era uma sexta feira, tarde de março de 2011 quando eu e alguns colegas seguimos rumo a um prédio branco, com umas janelas redondas, mais parecidas com escotilhas. Subimos por uma escadaria esquisita, de ferro, vazada e pintada de azul ao terceiro andar do prédio que ora ficamos conhecendo pelo seu apelido: “Titanic”.
Já passavam das treze horas quando eu e os colegas presentes conhecemos a professora Rita Stano. Lembro-me que ela estava trajando um vestido e reclamou daquela esquisita escadaria. Esse foi nosso primeiro contato.
Após se apresentar e falar um pouco de sua disciplina, pediu que nos apresentasse para nos conhecermos melhor. Pensei comigo: O que será que teremos de novo? O que será que aprenderemos? Currículo eu já sei fazer! Será que ficaremos todo o tempo montando nosso currículo vitae? E assim por diante.
Nossa professora propôs a leitura e uma reflexão sobre a poesia “Não entendo o espanto” e cada um de nós pode fazer uma pequena intervenção em algum trecho daquela poesia, fazendo uma relação entre aquele momento e nossas buscas. Ainda naquela aula recebemos o Plano de Curso com as propostas de trabalho da disciplina Achei aquela, uma aula emocionante e envolvente, no entanto, não sabia que transformaria tanto a minha caminhada.


NÃO ENTENDO O ESPANTO

Adivinhe onde eu ando?
                                                                                          Há um tempo procuro e não sei.
Não entendo o teu espanto
Adivinhe o que escondo?
Já é tempo de tudo dizer, se eu caio ou se levanto.


Eu sou tolo assim
Como tudo que escapou de mim
Ao passar de meus anos
                               Sou louco assim.
Como tudo que é estranho em ti:
Tua força e teu pranto.

Adivinhe o que planto?
                                                                                                    Sementes de tudo que sei.

Ao pesar meus enganos
Eu mudei os meus planos.
                                                                                                                 Já é tempo de tudo saber.

Como se dói um tombo

E eu ainda te estranho e ainda me engano
Porque o caminho é longo
E eu não me importo onde ando.

Trago aqui pedaços de tudo que vivi
Se eu ainda te espanto
Vou seguir a estrada que há muito parti
E levar-te em meus sonhos.

Adivinhe onde eu ando?
Adivinhe onde eu escondo?
Adivinhe o que planto?
Bem eu... Mudei meus planos

Pedaços...                                                                                                      Trago aqui.



                                          
  1.      MOMENTOS DE REFLEXÃO:


A partir do nosso segundo encontro, ficamos maravilhados com as explicações, e conhecimentos de causa demonstrados pela nossa professora Rita durante suas aulas. Debatemos muito sobre Educação, Currículo, alguns pensadores notáveis e suas teorias.
Rita nos fez compreender as propostas curriculares oficiais de forma contextualizada, entendendo melhor o processo de construção e definição dos currículos oficiais.
Alguns pontos importantes das primeiras aulas:
. A teoria curricular pode ser analisada com base em dois grandes eixos: Concepções tradicionais de currículos (as conservadoras) e as concepções críticas. Essas concepções de currículo evidenciam posicionamentos filosóficos, isto é, a forma de cada Educador ver e pensar o mundo, o homem, a educação, a escola,...
. Tomamos conhecimento sobre o pensamento de Sacristán (1998) sobre currículo, que nos dá ideia de regular e controlar a distribuição do conhecimento, segundo uma ordem. Papel regulador da ação educativa mesmo  que interpretável e flexível.
. No Brasil, o “Enfoque Tecnicista” com ênfase na construção científica de um currículo que desenvolvesse os aspectos da personalidade adulta, considerados “desejáveis”, especificamente Dos objetivos e seus conteúdos.
. Já nos Estados Unidos, o papel da Escola tratava da homogeneização cultural, alicerçada nos princípios da administração empresarial, considerada científica e com sucesso comprovado.
. Na relação Educação X Sociedade, devemos adaptar a escola e o currículo à ordem capitalista baseados em ordem, racionalidade e eficiência.
. Final dos anos 60 e em 70: Estados Unidos e Inglaterra inauguram a “Teoria crítica” cujos objetivos eram de construir uma escola e um currículo afinado com os interesses dos grupos oprimidos.
. Através de Santos e Paraíso (1996) pudemos entender as diferenças entre currículo formal, currículo oficial e currículo oculto.
. Por Basil Bernsteim entendemos a forma de organização e transmissão do conhecimento escolar e suas relações com as formas dominantes de poder e de controle social presentes na sociedade.
. Estudando currículo com base ideológica, Rita mostrou-nos o pensamento de Karl Marx enfocando que ideologia e discurso justificador que tem como objetivo a manutenção de certa ordem, num sentido superficial, com interesses específicos ligados à classe dominante.
. Ao falarmos de ideologia, foi proposto que assistíssemos ao filme “A onda” e que cada um fizesse sua resenha.

Pensando num conforto melhor para nós alunos, a professora Rita nos ofereceu a sua sala, como o novo local para suas aulas. Ela disse que, porém, se nós não gostássemos do local, poderíamos voltar à sala antiga. Todos adoraram o novo espaço, pois o lugar era muito acolhedor e confortável.
No dia 8 de abril, ao chegarmos à aula, fizemos vários comentários sobre uma tragédia ocorrida em uma escola do bairro Realengo, no Rio de Janeiro. Os jornais noticiavam que:                          
Wellington
“(...) Um homem de 23 anos entrou em uma escola municipal na Zona Oeste do Rio na manhã desta quinta-feira (7) atirou contra alunos em salas de aula lotadas, foi atingido por um policial e se suicidou. O crime foi por volta das 8h30.
Segundo o diretor do hospital para onde as vítimas foram levadas, 11 crianças morreram (10 meninas e 1 menino) e 13 ficaram feridas (10 meninas e 3 meninos). As crianças têm idades entre 12 e 14 anos.
Segundo autoridades, o nome do atirador é Wellington Menezes de Oliveira e ele é ex-aluno da Escola Municipal Tasso da Silveira, no bairro de Realengo, onde foi o ataque. Seu corpo foi retirado por volta das 12h20, segundo os bombeiros. De acordo com polícia, Wellington não tinha antecedentes criminais.
Ficamos horrorizados com o fato e a professora nos perguntou: Que sentido a escola teve para esse aluno?



  1.       A CONSTRUÇÃO DOS BLOGS:

A professora Rita pediu para que todos nós construíssemos um blog para que nele pudéssemos postar todas as nossas atividades extraclasses e sugeriu que formássemos uma rede de saber, onde todos pudessem visualizar os textos dos blogs e postar os seus comentários. Rita nos apresentou: “Esquinas e Pensares”. Um blog cheio de idéias, poesias, homenagens e textos relatando os acontecimentos da semana no Brasil.
 Com a ajuda do nosso colega Rafael Paixão, aos poucos cada um foi construindo o seu blog, cada qual com suas particularidades, fazendo dali um lugar de belas reflexões, e belos textos, que a princípio nem eu acreditava que fôssemos capazes de deixá-los tão bonitos.
Recebemos muitos elogios da professora a respeito de nossas postagens e os exóticos designs.
As fotos a seguir nos dão uma ideia de como nos saímos nessa nossa nova empreitada:



Em mais uma aula surpreendente, Rita nos apresentou, via Youtube, a palestra de Chimamanda Ngozi Adichie, 31, que nasceu na Nigéria e vive nos Estados Unidos desde 1996. Filha de um professor universitário, Chimamanda foi aluna brilhante, graduando-se com nota máxima, fez mestrado e atualmente é doutoranda em Yale. Assistimos e comentamos bastante a respeito de sua  palestra intitulada: “O PERIGO DE UMA HISTÓRIA ÚNICA”.
Durante todo o curso, tivemos a oportunidade de ler, resenhar e discutir vários textos que dentre eles, destaco:
  •       A educação jesuítica e o período pombalino (Paulo);
  •       O currículo e sua complexidade (Ângela);
  •       Pedagogia do oprimido versus pedagogia dos conteúdos (Patrícia);
  •       Contra a concepção técnica – os reconceptualistas (Kleber);
  •       Currículo em construção social e a Nova Sociologia da Educação – NSE (Janet);
  •       Quem escondeu o currículo oculto? (Ana Carolina)
  •       Onde a crítica começa: ideologia, reprodução e resistência (Rafael) e
  •       Currículo como coleção (Antônio Marcos).
OBS.: A professora Rita, juntamente com o professor Giovane mantém um programa semanal intitulado “Conversa de Professor” pela Radio Universitária da UNIFEI, onde recebem professores convidados para um agradável bate-papo.  Entre vários assuntos, debatem a respeito da experiência profissional do convidado. Tive a honra de poder fazer parte desse programa e poder falar aos ouvintes sobre um pouco de minhas experiências e de meu currículo profissional.

No dia 20 de maio, discutimos mais um vídeo do Youtube: Professora Amanda Gurgel faz um depoimento emocionante resumindo o quadro da Educação no Brasil. A educadora fala sobre condições precárias de trabalho nas escolas estaduais do Rio Grande do Norte.
Notamos que a professora Rita ficou chocada ao saber dos colegas que existem escolas, principalmente aqui em Itajubá, onde o professor é proibido de lanchar, e nem sequer poder usar o fogão da escola para esquentar sua merenda.
Além de estudarmos bastante, pudemos dividir muitos momentos agradáveis, discutindo fatos do cotidiano, sempre os relacionando com o currículo, como o caso da prisão dos bombeiros do Rio de Janeiro, pelos seus próprios colegas do batalhão do BOPE. E comemoramos também o meu aniversário e o de Ana Carolina.
 . Numa de nossas aulas, a professora Rita distribuiu uma folha com duas figuras cada, para que preparássemos um texto envolvendo a figura com currículo e o sentido de currículo como coleção. Vários alunos receberam a folha com as mesmas figuras e, no entanto, cada um conseguiu retratar sua visão de uma forma diferenciada, tornando aquele trabalho muito rico e diversificado.
A seguir, exemplo das figuras escolhidas pela professora:



 


4. CONSIDERAÇÕES FINAIS:

Escrever este memorial foi tão emocionante quanto às aulas que tivemos com a nossa querida professora Rita. A cada momento que escrevia, vinha a minha mente cada uma daquelas aulas e os fatos ocorridos durante o curso.
Posso dizer que cresci bastante no meu entendimento sobre currículo, sobre seus tipos e seus autores mais importantes. Percebi também a preocupação da professora em sempre nos manter unidos e afiados em relação aos textos. Muitas tarefas nos foram passadas, e acho que conseguimos dar conta de tudo, conforme ela nos pedia. Ganhamos algumas revistas e alguns livros como: “Utilização da tecnologia em EAD na formação dos engenheiros de produção da Universidade Federal de Itajubá: uma avaliação”, de Eliana de Fátima Souza Salomom Benfatti e Desafios da gestão orientada pelo conhecimento em organizações inseridas em ambiente universitário: O caso da empresa júnior” de Catarina Maria da Costa, ambos da Editora PREMIER.
Se eu não tivesse me matriculado nessa disciplina, talvez nunca tivesse descoberto esse meu lado de “postador” de textos, poesias e vídeos dentro de um espaço virtual ímpar como o blog. Gostaria de deixar aqui a minha gratidão a todos que de alguma forma puderam contribuir para o meu crescimento como pessoa e como profissional da educação.
A você leitor o presenteio com uma poesia:

Primeiro sonhamos... depois, dormimos.

Ouvi isso hoje. Veio de uma música que Maria Gadú canta (ou declama?). E fiquei pensando nos sonhos que vêm antes do adormecer. Dos sonhos que nos mantém acordados. E é por eles que a vigília acontece e perdura, em instantes muitos de esperança, de tentativas, de erros, de buscas. Sim, sonhamos para manter a vida inteira-plena borbulhando em dores, em prazeres, em alegrias e em amores. Só após tanta vigília, tanta atenção nesse viver em sonhos que ousamos fechar os olhos. E dormimos para garantir o intervalo necessário aos sonhos. Para que eles se recuperem de nós e sobrevivam a nós e continuem sempre sonhados. Dormir, então é apenas uma forma de deixarmos nossos sonhos quietos, apaziguados por algumas horas. E quando abrimos os olhos, estão lá, os sonhos. Sonhos nos chamando para a lida diária de vivê-los. Primeiro sonhamos... e depois, dormimos.
Por Rita Stano, em março de 2011.

5.  REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

APPLE, Michael W. Educação e poder. Porto Alegre: Artes Médicas, 1989.
APPLE, Michael W. – Ideologia e Currículo – São Paulo, Ed Brasiliense, 1982.
COSTA, Marisa. Vorraber (org). O currículo nos limiares do contemporâneo. Rio de     Janeiro: DP&A, 2001.
FORQUIN, J. C. Escola e Cultura, As bases sociais e epistemológicas do conhecimento escolar (1987), Porto Alegre, Artes Médicas. 1993.
FREIRE, Paulo. A educação como prática de liberdade. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1976.
GIROUX, Henry. Os professores como intelectuais. Porto Alegre: Artes Médicas.
SACRISTÁN, J. Gimeno – O currículo: uma reflexão sobre a prática. Porto Alegre. Artes Médicas, 1998.
SILVA, Tomaz Tadeu Da. (org) Territórios contestados: o currículo e os novos mapas políticos e culturais. 4 ed. Petrópolis: Vozes, 1995.

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3 comentários:

  1. Estou sem palavras com a boniteza freireana de seu texto...profundo e leve, sério e carinhoso. Ler suas palavras me remeteu às primeiras aulas, às segundas, terceiras...a todas as aulas que foram verdadeiros encontros para mim.

    Vou fazer o seguinte: pedirei que vocês enviem esse memorial por email(arquivo), como você fez e eu vou montar um arquivo único da turma.

    Parabéns pela criatividade, pela sensibilidade, pelo aprendizado que me proporcionou. Saiba que somos professores na medida exata do que temos como alunos.

    Obrigada por ter sido meu aluno.

    Rita

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  2. Paulo,
    O seu memorial está encantador, o seu lado filosófico, educador ficou evidenciado nesta construção.
    Você foi muito importante no nosso grupo.
    Gostei muito de conviver com você.

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  3. Agradeço a todos vocês pela paciência comigo. Deve ser difícil conviver com um profissional de exatas, portanto, já passei por tantas histórias nesse meu currículo profissional que acho que perdi aquele lado exato de ser e fazer. Foi muito bom estar com vocês nesse período e repito que aprendi muito com cada um de vocês. Vamos sentir saudades, porém, não podemos parar e insistir sempre. Não posso mais perder meu tempo. Demorei muito para dar continuidade aos meus estudos e se tudo der certo, continuarei até o fim. Obrigado mais uma vez a todos.

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